NEUSA PEREIRA DE ANDRADE
Parece que foi ontem: aquela mão quente e macia, de minha jovem mãe, segurava a minha, tão miúda, tão impaciente com dedos rígidos tentando envolver uma velha caneta que teimava em fugir deles. Primeiro, foram as vogais. Ah! Como prazeroso aprender a letra A. Confesso que tive trabalho, saiu toda trêmula. Era a primeira do "Abece", como dizia meu pai. E era também a primeira do nome dele: Antônio. E quando aprendi todas as vogais, já havia memorizado a escrita do nome de meu pai, de minha mãe e o meu. Não me cansava de escrevê-los, em toda superfície estava eu lá juntando letras, sílabas, formando palavras: eu tinha um desejo enorme de aprender. Não havia folhas disponíveis, apenas alguns livros religiosos e documentos que eram escondidos porque eu escrevia em tudo: nos troncos das árvores, nas paredes, nas poltronas. Quando não encontrava lápis, os pedaços de carvão do velho fogão à lenha eram meu giz e as paredes branquinhas da varanda logo mudavam de cor, assim como o rosto de minha mãe, furiosa comigo. Ali, eu deixava minhas primeiras demonstrações de escrita. Aos 8 anos, as mãos de Alzira conduziram-me, pacientemente, de abelha a zabumba através de linhas pontilhada da cartilha "Caminho Suave". Janelas se abriram diante de meus olhos ingênuos de menina da fazenda: de rádio de pilhas enormes e músicas de viola, para TV em preto e branco que coloriu minhas tarde com o inesquecível Sítio do Pica Pau Amarelo. Então, a partir das 17 horas eu não escrevia. Fixava os olhos na tela, imóvel no velho sofá de vovó e não piscava para não perder nenhuma cena com a turma. O programa preenchia o meu mundo vazio de fantasias e tornou-se a minha referência de leitura audiovisual. E por inúmeras vezes, senti-me Narizinho e até Emília, no sítio de minha vovó, que não era Benta, mas abençoada e nos abençoava também.
No "ginásio" Conceição ( de Língua Portuguesa) propôs que lêssemos "A Ilha Perdida". Viajei para um mundo de fantasias no universo das palavras escritas. Desta vez o sitio era do padrinho Eduardo e Henrique. E ano após ano, nunca mais parei de ler. Em 2006, impossibilitada de lecionar, "devorei" 44 livros. Já li de tudo: Da Biblía a gibis. Mas o que mais agradou-me foi Médico de homens e de almas, de Taylor Caldwel, onde a autora retrata a vida de São Lucas.
Em 2012, meus alunos de sexto ano, da cidade de Marília, foram semifinalistas das Olímpiadas de Língua Portuguesa, categoria Poema, ficando entre os 38 melhores do Brasil numa participação de 3 milhões de alunos.
Neste ano de 2013, leio para meus alunos e leio com eles, todos os dias. Penso que leitura e escrita devem estar entrelaçadas, uma não existe sem a outra.
Acredito que uma nação se faz com homens, mulheres e crianças, todos leitores de livros impressos digitais, virtuais...
Palavras abrem apetite e a leitura sacia mentes famintas de conhecimento.
SANDRA FELIPE COMPARONI
Minha experiência leitora, deu-se concretamente na escola. Lembro-me quando aprendi as minhas primeiras sílabas, a juntá-las formando palavras eu vibrava e saía da escola buscando toda forma de escrita para ler. Sentia-me vencedora, realizada quando lia o nome das ruas, das placas, o nome dos estabelecimentos comerciais até ter os primeiros contatos com os livros, foi um prazer irresistível.
Minha avó, como também meus primeiros professores foram importantíssimos nessa fase, sempre me incentivando e alimentando meus anseios. Minha avó contava-me muitas histórias, ensinava-me a ler a Bíblia e também líamos e cantávamos hinos. Meu primeiro livro foi Coração de Vidro de José Mauro de Vasconcelos, presente de minha professora no quarto ano primário, me deliciei com a leitura, me emocionei e me identifiquei com algumas situações das personagens: o passarinho, o peixinho, o cavalinho e uma mangueira. A partir daí não pude mais parar de ler.
SANDRA HELENA MIGUEL
Meu gosto pela leitura, aconteceu a príncipio por causa da escrita. Quando comecei as ser alfabetizada, tinha muitas dificuldades ortográficas, pois trocava as letras, por esse motivo a professora aconselhou-me a começar a ler para aperfeiçoar a escrita. Apesar das dificuldades financeiras, minha mãe, quando podia comprava alguns livros, o primeiro foi O patinho feio, nunca me esqueci, guardo-o até hoje. Também ganhei alguns contos infantis e como não era sempre que podia ter novos livros, lia e relia os mesmos muitas vezes. Na 5ª série tive uma experiência muito ruim com a leitura, pois naquele ano o professor de Português pediu para que a minha turma lesse o livro Iracema de José de Alencar, imaginem a situação, um livro de díficil leitura muitas vezes para adultos, indicado para crianças de 11 anos, fiquei traumatizada, achando que nunca mais leria um livro. Mas quando iniciei a 6ª série, mudei de professor e a nova professora indicou como leitura para o 1º semestre Clarissa de Érico Veríssimo, adorei a personagem e a história, tanto que quis conhecer outras obras do autor e apaixonei-me pela obra de Érico Veríssimo. No 2º semestre ainda li a A ilha perdida da coleção Vagalume, a partir desse ano nunca mais parei de ler. Hoje a leitura é para mim lazer, prazer, informação e a possibiliade de viver o imaginário. Ao ler os depoimentos de leitura e escrita, gostei muito da fala de Contardo Calligaris, quando o autor diz que: "A literatura é o catálogo das vidas possíveis e impossíveis", também penso assim.
SANDRA RENATA DA SILVA SCHLEDORN
Recordo com alegria de quando ia à escola, mesmo ainda sem saber ler e gostava de ficar olhando as imagens da cartilha e quando aprendi a juntar as sílabas que alegria, maior presente, que meus pais me deram e sou muito grata e feliz por isso, amo ler, também a leitura torna-nos capazes de imaginar como queremos as cenas que são escrita nos livros e levanos para locais que talvez pessoalmente nunca iremos. Temos realmente uma literatura maravilhosa é necessário apenas começar é uma pena que nossos alunos não tenham interesse por isso, alguns deles ainda se interessam, mais muitos não, porém nós podemos incentivá-los para que eles também comecem a gostar.
SIMONE PIRES
Usarei o texto Livro: a troca, de Lygia Bojunga Nunes, que traduz, perfeitamente, minha relação com a palavra escrita, tirando a parte de "fabricar tijolo" (presente no último parágrafo).
"Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede; deitado fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça. Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntima a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.
Todo o dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu era só escolher e pronto, o livro me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra - em algum lugar - uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar."
LIVRO: a troca, de Lygia Bojunga. In: Livro: um encontro. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga,
2010.p.8-9
Um silêncio de palavras
ResponderExcluirDançam em movimento
Parecem estar à procura
De um canto do pensamento.
por
(Cacau Andrade)
Livros são como perfumes: cada um escolhe a essência que lhe agrada e que lhe caia bem à pele.
ResponderExcluirpor
Cacau Andrade
Cacau Andrade, sua definição com relação aos livros é perfeita.
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